TRANSFORMAÇÕES...
As comunidades mais desenvolvidas, sobretudo aquelas que já se renderam aos «benefícios» das sociedades de consumo, vivem preocupadas com o bem-estar, com o conforto, com o prazer e estão a esquecer e a ignorar aspectos tão importantes como a necessidade de espaços físicos e temporais para as crianças brincarem ao ar livre.
As cidades crescem a cada instante em altura. Áreas que no passado eram utilizadas pelos mais pequenos para todo o tipo de brincadeiras, passando pela satisfação de um natural instinto de delimitação de território (vulgo fazer chi-chi), transformaram-se em imediações de prédios exclusivamente ocupadas por carros estacionados com apenas uma ou outra árvore disseminada por aqui e acolá.
Os novos modelos de sociabilidade e os desafios a que cada um está sujeito desde a nascença, apesar da emergência da era das comunicações e da informação, estão a tornar, paradoxalmente, as pessoas cada vez mais isoladas e as crianças cada vez mais dependentes e incapazes de reagirem e de zelarem pela sua segurança.
Fruto da conquista dos espaços citadinos, outrora públicos, pelos automóveis e pelas urbanizações, apesar da construção de um ou outro parque infantil, reduziu-se drasticamente o espaço para as crianças brincarem ao ar livre. Jogos que pressupunham o esforço físico, como o jogo dos pauzinhos, da apanhada, do esconde-esconde, da cabra-cega e até do peão, desapareceram completamente. As crianças passaram a estar ocupadas com uma infinidade de actividades atrofiadoras e paralisantes entre as quais os jogos de computador que apenas pressupõem a movimentação exclusiva dos olhos e de dois dedos.
As idas para a escola e para as actividades de tempos livres passaram a ser feitas de carro na companhia dos pais. As crianças praticamente deixaram de andar sozinhas na rua, deixaram de brincar na rua. Foram perdendo o afecto pela rua onde vivem e as suas referências. Tais comportamentos estão a contribuir para que as pessoas se preocupem cada vez menos com os espaços públicos, nomeadamente com a segurança e o afastamento de ameaças várias.
As cidades estão a transformar-se em pólos disseminadores de inseguranças, de grandes inquietações, medos e receios, potenciados pelas transformações operadas nos modos de ordenamento e nos modos de vida citadina. A inocência dos comportamentos das crianças está a ser profundamente alterada pelas preocupações e representações dos adultos.
As crianças de hoje, menos predispostas à prática de actividades físicas, mais obesas e mais sedentárias, inevitavelmente, serão adultos ainda mais individualistas, ao mesmo tempo menos autónomos e independentes do que os seus pais, mas dramaticamente mais propensos ao consumo de substâncias psicoactivas. Embora tendam a demonstrar cada vez mais preocupação com a segurança dos seus bens e dos espaços públicos, na realidade estarão cada vez menos disponíveis para colaborar com as causas e interesses securitários comuns.
Em nome da segurança, é fundamental que os pais concedam espaço físico e público de acção e de determinação aos filhos, e que este urbanismo desenfreado, movido por interesses de especulação imobiliária, deixe de expulsar as pessoas das ruas porque são sobretudo elas que garantem a segurança dos espaços onde habitam e circulam.
Naturalmente, muitas das preocupações de hoje, num futuro não muito longínquo, nenhum receio representarão na medida em que o Homem e as novas tecnologias tenderão a resolvê-las. No entanto outras ameaças estão a surgir e sem dúvida que as restrições hoje impostas às crianças estão a provocar transformações.
As cidades crescem a cada instante em altura. Áreas que no passado eram utilizadas pelos mais pequenos para todo o tipo de brincadeiras, passando pela satisfação de um natural instinto de delimitação de território (vulgo fazer chi-chi), transformaram-se em imediações de prédios exclusivamente ocupadas por carros estacionados com apenas uma ou outra árvore disseminada por aqui e acolá.
Os novos modelos de sociabilidade e os desafios a que cada um está sujeito desde a nascença, apesar da emergência da era das comunicações e da informação, estão a tornar, paradoxalmente, as pessoas cada vez mais isoladas e as crianças cada vez mais dependentes e incapazes de reagirem e de zelarem pela sua segurança.
Fruto da conquista dos espaços citadinos, outrora públicos, pelos automóveis e pelas urbanizações, apesar da construção de um ou outro parque infantil, reduziu-se drasticamente o espaço para as crianças brincarem ao ar livre. Jogos que pressupunham o esforço físico, como o jogo dos pauzinhos, da apanhada, do esconde-esconde, da cabra-cega e até do peão, desapareceram completamente. As crianças passaram a estar ocupadas com uma infinidade de actividades atrofiadoras e paralisantes entre as quais os jogos de computador que apenas pressupõem a movimentação exclusiva dos olhos e de dois dedos.
As idas para a escola e para as actividades de tempos livres passaram a ser feitas de carro na companhia dos pais. As crianças praticamente deixaram de andar sozinhas na rua, deixaram de brincar na rua. Foram perdendo o afecto pela rua onde vivem e as suas referências. Tais comportamentos estão a contribuir para que as pessoas se preocupem cada vez menos com os espaços públicos, nomeadamente com a segurança e o afastamento de ameaças várias.
As cidades estão a transformar-se em pólos disseminadores de inseguranças, de grandes inquietações, medos e receios, potenciados pelas transformações operadas nos modos de ordenamento e nos modos de vida citadina. A inocência dos comportamentos das crianças está a ser profundamente alterada pelas preocupações e representações dos adultos.
As crianças de hoje, menos predispostas à prática de actividades físicas, mais obesas e mais sedentárias, inevitavelmente, serão adultos ainda mais individualistas, ao mesmo tempo menos autónomos e independentes do que os seus pais, mas dramaticamente mais propensos ao consumo de substâncias psicoactivas. Embora tendam a demonstrar cada vez mais preocupação com a segurança dos seus bens e dos espaços públicos, na realidade estarão cada vez menos disponíveis para colaborar com as causas e interesses securitários comuns.
Em nome da segurança, é fundamental que os pais concedam espaço físico e público de acção e de determinação aos filhos, e que este urbanismo desenfreado, movido por interesses de especulação imobiliária, deixe de expulsar as pessoas das ruas porque são sobretudo elas que garantem a segurança dos espaços onde habitam e circulam.
Naturalmente, muitas das preocupações de hoje, num futuro não muito longínquo, nenhum receio representarão na medida em que o Homem e as novas tecnologias tenderão a resolvê-las. No entanto outras ameaças estão a surgir e sem dúvida que as restrições hoje impostas às crianças estão a provocar transformações.
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