BERRARIA...

Não me recordo de ler, ver e ouvir tantas notícias e opiniões sobre a onda de insegurança nos Açores. Fui nas últimas duas semanas convidado por diversos órgãos de comunicação social a comentar o que vinha a público. Não aceitei nenhum dos convites por entender que perante a perda de racionalidade o melhor é o silêncio. Até porque como diz o povo «dois brigam se um quer». Logo se todos decidiram ver quem era capaz de falar mais alto, como nunca fui muito de elevar o tom de voz para me fazer ouvir, não podia ter tido outra posição.

O histerismo gerado em torno da insegurança se mérito teve foi o de massificar uma ideia que felizmente não corresponde ao cenário que foi descrito. Não nego os problemas criminais, não deixo de lamentar que alguém seja vítima de um crime, nunca o fiz. Sempre reivindiquei novas estratégias de intervenção para evitar o que é evitável. Mas empolar e especular leva à perda da racionalidade.

Algumas situações vividas nos Açores fazem-me lembrar a história de Pedro e do Lobo. A utilização demagógica das questões da insegurança aproveita sobretudo aos criminosos e a outros destinos turísticos. Transformar um epifenómeno num problema à escala regional é um mau cartaz para a região tal como se viu no telejornal da TVI de Sábado passado e é um erro estratégico que produz mais prejuízos do que benefícios. Se na ilha de S. Miguel e em particular Ponta Delgada ou Vila Franca do Campo existem problemas securitários nada têm a ver com os problemas existentes nas demais ilhas nem em qualidade nem em intensidade até porque quer o agrupamento central quer o agrupamento ocidental, em 2007, pelo segundo ano consecutivo, registaram uma diminuição significativa da criminalidade praticada.
Que não se perca a racionalidade e no meio de toda esta berraria haja alguém com discernimento que saiba tirar partido da situação, a bem dos Açores!