DA BERRARIA À LUCIDEZ...

Depois da demonstração de que somos uma região de Criminologistas com provas dadas na explicação da criminalidade e nas formas de a controlar com eficácia, esta semana, sem que os crimes tenham deixado de ocorrer, foi com particular satisfação que verificámos que a lucidez começou a ressaltar.

Já se nota que algumas pessoas perceberam que não é atacando e censurando a actuação da Polícia que se consegue melhorar a segurança, apesar de, como nos demais sectores de actividade, existir sempre espaço para se melhorar e rentabilizar os recursos.

Devo confessar que diversos acontecimentos, ocorridos durante a semana, que agora finda, me deixaram particularmente satisfeito sobretudo por indiciarem que se começou a recuperar a racionalidade. Um desses acontecimentos foi a entrevista de dois dos mais ilustres magistrados ao serviço da administração da justiça nos Açores, nomeadamente, o Juiz Moreira das Neves e a Procuradora do Ministério Público Laura Tavares, pelo jornalista Luís Silva, que de forma clara enunciaram as consequências das alterações ao Código de Processo Penal ao nível da corrosão do sentimento de segurança vivenciado. Foi muito positivo que tais magistrados, numa atitude verdadeiramente pedagógica, tenham vindo a público prestar tais esclarecimentos. Era bom que viessem a público mais vezes «educar a comunidade para o direito». Entendo mesmo que deveriam ser criados, nos órgãos de comunicação social, espaços para abordagens regulares às questões da justiça. Seria uma forma de se contribuir para a dita prevenção geral e para que não se dissessem tantos disparates que por aí vão entoando.

Outro dos acontecimentos positivos prendeu-se com a forma como, tanto o Governo Regional como a oposição, depois do tradicional e redutor discurso da falta de polícias, já começaram a dar sinais de lucidez pensando e agilizando formas de intervenção com potencialidades para rentabilizarem o sentimento de segurança. Afinal parece que muito boa gente tem aprendido umas coisas...Até apetece distribuir algumas felicitações, mas vamos aguardar pelos resultados concretos!

Razão tem o povo ao garantir que «depois da tempestade vem a bonança» e é com bonança que se avança com convicção e rumo ao destino. Ao menos fique a aprendizagem de que convém durante outras tormentas não perder nunca a lucidez.