ASSUMAM-SE!

Pelos vistos, nunca é demais recordar que não me colo a nenhum partido político. Sinto-me bem na pele de independente e é nesta condição que me pretendo manter apesar de alguns putativos intelectuais já me terem colado à direita e à esquerda e até já terem insinuado que fui mandatado pelo Governo Regional para dizer que as coisas em matéria de segurança «não estão assim tão mal».

Sabe, quem me lê, que sempre procurei pautar-me pelo rigor e objectividade, fundamentando devidamente as múltiplas intervenções públicas para as quais tenho sido solicitado pelos diferentes quadrantes. Nunca embarquei em histerismos nem em posturas demagógicas e populistas, que servem apenas lutas pelo poder. É no mínimo ridículo que detentores de cátedras de convictos democratas, ao não concordarem com as demonstrações apresentadas, optem, em detrimento da contra-argumentação com fundamento, por fazer insinuações fastidiosas...

Tendo em conta tudo quanto tais arautos têm dito e escrito em matéria de segurança nos Açores, através da última investida, em nosso entender ficaram mais uma vez bem evidentes os conhecimentos que têm sobre a matéria e as propostas de intervenção apresentadas. É como diz o outro: falam, falam... mas o que eles querem já todos sabemos!!!

Convém não esquecer que os problemas com os quais somos hoje confrontados são o resultado dos investimentos das últimas décadas. Em matéria de segurança, a menos que se instaure um Estado Policial, não é possível investir hoje para ter resultados no dia seguinte.

O que é um facto é que as nossas políticas em matéria de segurança, nos últimos 30 anos, têm sido remendos sobre remendos, e da esquerda à direita ninguém teve coragem política para romper os corporativismos e os interesses instalados.

Os detentores do poder nunca gostaram das Polícias. Olham para elas, à semelhança do que defende Hélène L’Heuillet, em «Alta Polícia Baixa Política», como «as estrebarias das sociedades». Se alguém tem dúvidas, olhe para muitas das instalações policiais. Olhe para muitos dos locais e condições em que milhares de polícias diariamente prestam o respectivo serviço à comunidade (até já houve quem tivesse colocado o polícia, que lhe guardava a casa, dentro de uma velha cabine telefónica sem utilidade para a PT). Olhe para a falta de articulação entre as diferentes polícias por incompatibilidade das redes de comunicação e não só. Olhe para as reestruturações efectuadas nas forças policiais desde os anos 80 do século passado.

Em vez de se investir na articulação e especialização das forças policiais foram-se criando novas polícias e novos cargos para se garantir a colocação de mais um ou outro amigalhaço, como foi o caso recente da ASAE.

Quem é que, fazendo parte dos partidos políticos, que têm estado no poder, pode assegurar não ter qualquer responsabilidade no actual quadro? Quem tem coragem de assumir a responsabilidade pela desconformidade existente entre as necessidades securitárias e as políticas que têm sido seguidas?
Fiquemos por aqui...