UM LAMENTO…

Com pompa e circunstância e forte cobertura mediática, realizou-se na semana passada um seminário no Concelho da Povoação sobre toxicodependência. Tive apenas a oportunidade de acompanhar os trabalhos através dos órgãos de comunicação social.

É de louvar a iniciativa e a sua concretização revela que as autoridades locais estão preocupadas com a evolução do fenómeno. O que só por si é digno de registo.

Talvez por deficit de divulgação, fiquei convencido de que a principal conclusão dos trabalhos girou em torno da necessidade de aposta na formação/educação para prevenir. Acredito que as conclusões foram bem mais ricas e que sempre terá havido alguém que tenha apresentado outras propostas de intervenção mais concretas para minimizar o impacto individual e sócio-familiar do consumo de drogas.

Curiosamente, em 2005, tive a oportunidade entre outros oradores de participar num outro evento naquele concelho, dessa feita organizado pelo então Secretário Regional dos Assuntos Sociais, e apesar de convidados por ofício, os promotores deste evento não participaram no evento de 2005, no qual foi feita uma caracterização da dimensão do fenómeno e disponibilizados meios e metodologias de intervenção.

Volvidos três anos, os dados caracterizadores do fenómeno da toxicodependência, citados no recente evento, foram os mesmos que apresentei na altura, pois pelos vistos ninguém recolheu outros, ou efectuou outras estimativas. Todavia isso não é muito preocupante, o que me preocupa é que volvidos três anos, pelas evidências, não há resultados na luta contra a toxicodependência naquele concelho, aliás à imagem da maior parte dos concelhos dos Açores, lamentavelmente, apesar de quando em vez lá surgir alguém que se lembra de fazer qualquer coisa!

Ora este é precisamente o problema e ao mesmo tempo o nosso drama. O fenómeno da toxicodependência não se combate com acções esporádicas, mas sim com acções de terreno sistemáticas sem que ninguém possa dizer que não tem nada a ver com o assunto neste ou naquele momento.

Enquanto procedermos assim, podem ter a certeza que todos quantos beneficiam com o fenómeno da toxicodependência esfregam as mãos de contentamento!