MÚSICA PARA COMBATER O CRIME…

Segundo Montesquieu, na obra «O Espírito das Leis», de 1748, p. 543, invocando Aristóteles e Platão, «a música torna suaves os costumes». Um pouco mais adiante acrescenta: «a música, que atinge o espírito através dos órgãos do corpo é muito apropriada para a doçura, a piedade, a ternura e para o doce prazer».

Ao reler Montesquieu, recordei a questão dos afectos como um dos mais importantes factores que pode influenciar a propensão para os comportamentos criminais.

Articulando a ideia com o pensamento de outro dos clássicos, nomeadamente Durkheim, que apontou a coesão social como a melhor forma de combater a propensão para os comportamentos criminais, resulta uma proposta de intervenção nos espaços públicos com maior probabilidade de ocorrência de crimes.

Assim, em conformidade com as representações sociais de segurança nos espaços públicos e fazendo jus aos referidos clássicos, ocorre-me que seria interessante o desenvolvimento de um projecto que permitisse a colocação de pequenas colunas de som que reproduzissem de forma contínua música calma, de preferência as chamadas baladas, em determinadas ruas da cidade de Ponta Delgada.

O registo de ocorrências durante o desenvolvimento da iniciativa permitiria recolher dados estatísticos cuja comparação com os dados estatísticos registados antes do projecto iria demonstrar se a teoria de Montesquieu é ou não demonstrável.

A intuição diz-me que sim. Sendo um projecto em termos de custos pouco dispendioso, penso que vale a pena experimentar. Embora se saiba que em matéria de comportamentos humanos e sociais, o somatório de dois mais dois não é necessariamente igual a quatro, em nome da necessidade de melhoria do sentimento de segurança, o projecto é perfeitamente concretizável.

Como alguém disse, «já está tudo inventado», por isso fica aqui uma ideia de revisitação dos clássicos para minimização de um problema antigo!