PARABÉNS SR.ª PROFESSORA!

Chegou ao fim, esta semana, o processo judicial que envolvia uma professora da Escola Canto da Maia e uma mulher de 26 anos, familiar de uma aluna que frequenta aquele estabelecimento de ensino.

Na sequência dos factos apurados durante o julgamento, a juíza não hesitou em condenar a arguida a uma pena de multa de 600 euros e ao pagamento de uma indemnização de 500 euros à vítima.

Para além das expectativas que a vítima, seus familiares e demais pessoas próximas pudessem ter do que poderia ser a decisão final do tribunal, ou mesmo para além das representações sociais existentes sobre o que deveria ser a pena a aplicar à arguida, foi feita a justiça possível!

Digo a justiça possível, porque, independentemente da gravidade da pena e do valor da indemnização, nunca será anulado o efeito de vitimização em particular a humilhação vivenciada no momento da prática do crime, no período subsequente e mesmo durante todo o processo por sujeitar a vítima à exposição e à denominada vitimização secundária provocada pela obrigatoriedade de reviver vezes sem conta todo o episódio.

Digo a justiça possível, porque foi o mínimo que pôde ser feito para dar um sinal claro à arguida e à comunidade em geral de que comportamentos destes não podem ser tolerados em circunstância alguma. Isto nas escolas ou em qualquer outro local. Nada justifica a berraria, a agressividade e a violência. Chego mesmo a pensar que esta mensagem nunca fez tanto sentido como na actualidade! (Continua a haver por aí quem pense que tudo se pode resolver com gritarias, pontapés e outros actos intimidatórios para silenciar os outros…)

Conforme foi divulgado e é comum nestes processos o julgador, neste caso a julgadora, deu oportunidade às partes para chegarem a um acordo. Perante tal hipótese a professora terá recusado qualquer possibilidade com a justificação de que não tinha feito nada para fazer acordos!

Para mim, neste processo, nada foi mais marcante que a coragem, a persistência e a determinação desta professora em levar o caso até às últimas consequências materializadas na consciência de que nada tinha feito que pudesse servir de pretexto para o comportamento da arguida.

É esta coragem, esta determinação e esta persistência que têm faltado noutros casos em que as pessoas, nomeadamente os professores, têm sido indignamente tratados. É esta coragem, esta determinação e persistência que por vezes tem faltado no sentido de dar um sinal claro sobre a forma como as pessoas se devem relacionar pautando as suas condutas pelos mais basilares princípios do respeito mútuo.

Por isso, parabéns, Sr.ª Professora! A comunidade está-lhe grata!