A PERVERSIDADE DA GESTÃO POR OBJECTIVOS

O actual governo transformou a gestão por objectivos numa decisão emblemática que serviu de suporte à reforma da administração pública. Os serviços passaram a ser obrigados a definir objectivos a atingir em cada ano e os funcionários foram sujeitos a um sistema de avaliação anual assente na definição prévia dos mesmos.

Recorrentes têm sido os discursos de que a gestão por objectivos constitui um paradigma de desenvolvimento e inovação, capaz de tudo resolver, e os grupos profissionais que ainda não estão sujeitos à avaliação por objectivos, como os magistrados, os médicos e os polícias, têm sido apontados como os próximos alvos, independentemente de alguns efeitos perversos que o sistema possa vir a desenvolver.

Como desde os bancos da universidade fui alertado para as teorias inerentes à gestão por objectivos, para as devidas vantagens e inconvenientes, por motivos óbvios tenho acompanhado todo este processo de generalização de regulação de praticamente toda a actividade humana através dos bem «fadados objectivos»!

Devo confessar que sempre fui avesso a verdades absolutas e a panaceias e por questões profissionais sempre fui igualmente avesso a quem as quer dar ou vender, por isso, sabendo o que sei, tive sempre reservas quanto às virtudes da generalização do sistema.

Em nome da gestão por objectivos têm sido produzidas autênticas aberrações, em especial no tocante à avaliação dos funcionários do tipo: definição de objectivos em Novembro e Dezembro do ano em curso, com desempenhos muito bons e excelentes, entre tantas e tantas outras que não tenho disponibilidade de caracteres para as descrever. Como a melhor demonstração do que escrevo, aponto aquilo em que deu a gestão por objectivos e a atribuição de prémios aos funcionários e em particular aos gestores/chefias nos grandes grupos económicos!

A gestão por objectivos não passa de uma gigantesca falácia, cheia de perversidades e sujeita a manipulações. Se assim não fosse, como seria possível que um gestor, no prosseguimento da consecução de objectivos, levasse uma empresa à falência e mesmo assim conseguisse reunir condições para ser premiado de forma milionária pelos objectivos conseguidos? Mais palavras para quê?

Viva a avaliação por objectivos em nome da reforma da administração pública!