LEMBRAM-SE DE PEDRO BARROSO…

Perguntei a várias pessoas dez anos mais novas do que eu se conheciam Pedro Barroso. Ninguém respondeu afirmativamente. Curiosamente todas as pessoas tal como eu na casa dos 40 anos de idade, ou mais velhas, à mesma pergunta, me responderam que sim e algumas até trautearam algumas das suas músicas.

Foi com particular satisfação que tomei conhecimento de que o Grande Pedro Barroso iria dar um concerto comemorativo dos seus 40 anos de carreira, que se celebram em 2009, no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada.

Nestes 21 anos em que resido em Ponta Delgada, foram muitos os concertos de músicos portugueses e estrangeiros que se realizaram por cá, mas posso garantir-vos que muito poucos são possuidores de uma obra musical e poética comparável a Pedro Barroso. Só por desconhecimento alguém poderá dizer o contrário!

Sou admirador confesso da obra de Pedro Barroso, agraciado com título de «Ribatejano Ilustre» e por imperativos de consciência, ao saber da realização do seu concerto, em Ponta Delgada, no próximo dia 10 de Outubro, paradoxalmente, o primeiro ao fim de 40 anos de carreira, não poderia deixar de dar o meu testemunho a todos quantos me lêem, contribuindo, assim, de forma modesta, para que seja um grande concerto, a começar pela moldura humana.

Cavei terra ao lado da minha mãe, vindimei uvas entre conterrâneos e parentes e até remendei sapatos, tudo isto ao som de algumas das mais belas baladas de música portuguesa, da autoria de Pedro Barroso, cujo tempo nunca conseguiu apagar da minha memória.

Pedro Barroso é inegavelmente um dos maiores trovadores portugueses tendo abordado de modo sublime temáticas tão diversas que vão dos cantos rurais, aos amores e temas pessoais, históricos e patrióticos, temas humanos, até de forma vanguardista aos temas ecológicos hoje tão em voga.

Com uma discografia de cerca de 30 discos editados, um DVD, dois livros de poesia, um magistral ensaio sobre a cultura e identidade portuguesa, que dá por título «História Maravilhosa do País Bimbo», editado pela Calidum, não sou capaz de encontrar carreira paralela nos meus 40 anos de vida.

Tenho alguma dificuldade de racionalmente encontrar explicações para o facto de as músicas, em particular, que fazem parte dos seus dois últimos álbuns, a saber: «Navegador do Futuro» e «Sensual Idade», não costumarem passar nas rádios portuguesas!

Como é possível que um Homem cuja obra foi já reconhecida na Alemanha, Bélgica, Canadá, Espanha, Estados Unidos da América, França, Holanda, Luxemburgo, China, Suíça e Suécia seja desconhecida por pessoas que têm hoje menos de 30 anos de idade? Que testemunho estamos a transmitir aos mais jovens sobre a cultura e a identidade nacional?

Por vezes, olho para o lado e vejo espuma, estrelatos e condecorações que me dão «pavores na fronte e calores no peito»! Se há músico que de forma sublime contou e cantou a identidade deste povo, dá pelo nome de Pedro Barroso, sendo da mais elementar justiça elevar a sua obra ao nível dos mais altos desígnios nacionais. Só me espantarei se alguns dos seus textos nunca forem estudados nas escolas e universidades deste país…

Se alguém tem dúvidas sobre o que escrevo, desafio-o a assistir ao concerto único de Pedro Barroso, no próximo dia 10 de Outubro. O Coliseu Micaelense está de parabéns e com este evento a sua história ficará mais rica!