INTERPRETAÇÕES A GOSTO…
A Universidade Fernando Pessoa tornou público um estudo de opinião sobre as representações sociais em torno da actuação da Polícia de Segurança Pública.
Foi ampla a divulgação e multiplicaram-se os comentários e interpretações em particular por parte das associações sindicais. Pena foi que as leituras não tivessem sido mais rigorosas e que até tivesse havido alguns aproveitamentos e reivindicações indevidas.
Não deixa de ser curioso que já em 2004 um estudo realizado nos Açores, intitulado «Cartografia dos Medos», tenha permitido chegar na região às mesmas conclusões a que agora chegaram em relação ao continente. Portanto, chegamos lá seis anos antes e nesta matéria estamos à vontade porque o nosso estudo foi publicado e está inclusivamente disponível em PDF na internet. (Basta uma simples pesquisa pelo título.)
Seis em cada dez inquiridos defenderam que a Polícia de Segurança Pública deveria fazer mais uso da força/autoridade. Já em relação às acções de fiscalização em matéria de circulação rodoviária, os inquiridos maioritariamente disseram-se satisfeitos.
Tanto lá como cá a leitura de tais dados não pode ser conotada com a maior ou menor falta de meios, nem tão pouco com a desadequação da legislação em vigor. O problema reside sobretudo na representação que cada um dos inquiridos possui de si próprio e dos outros.
Na realidade, por norma, cada um de nós acha-se sempre cumpridor, residindo nos outros o desrespeito pelas normas e por todo o tipo de incivilidades. Assim, se os outros é que são os infractores, as Polícias têm que ser mais duras, inflexíveis e recorrer mais à força para fazerem cumprir a lei. Neste contexto, as pessoas não são capazes de representar a possibilidade de a força policial ser utilizada contra elas, mas sim contra os outros, por isso não espanta que maioritariamente achem muito bem o aumento do uso da força.
Idêntica leitura se pode fazer em relação ao desejo de não ser intensificada a acção policial fiscalizadora em matéria de circulação rodoviária. Como em matéria de trânsito as pessoas têm maior facilidade em assumir os seus «pecados» e como sabem que o resultado de tal acção tem maior probabilidade de as afectar, então o melhor é não desejar a intensificação do trabalho policial.
Em matéria de avaliação da acção policial como na maior parte das avaliações as pessoas acabam sempre por espelhar as representações, os valores, e, claro, os interesses individuais, por isso há que haver racionalidade nas leituras e não atribuir um valor excessivo àquilo que não o tem. Assim, independentemente das vontades, acima de tudo é preciso haver equilíbrio e actuação de acordo com o princípio da legalidade.
Foi ampla a divulgação e multiplicaram-se os comentários e interpretações em particular por parte das associações sindicais. Pena foi que as leituras não tivessem sido mais rigorosas e que até tivesse havido alguns aproveitamentos e reivindicações indevidas.
Não deixa de ser curioso que já em 2004 um estudo realizado nos Açores, intitulado «Cartografia dos Medos», tenha permitido chegar na região às mesmas conclusões a que agora chegaram em relação ao continente. Portanto, chegamos lá seis anos antes e nesta matéria estamos à vontade porque o nosso estudo foi publicado e está inclusivamente disponível em PDF na internet. (Basta uma simples pesquisa pelo título.)
Seis em cada dez inquiridos defenderam que a Polícia de Segurança Pública deveria fazer mais uso da força/autoridade. Já em relação às acções de fiscalização em matéria de circulação rodoviária, os inquiridos maioritariamente disseram-se satisfeitos.
Tanto lá como cá a leitura de tais dados não pode ser conotada com a maior ou menor falta de meios, nem tão pouco com a desadequação da legislação em vigor. O problema reside sobretudo na representação que cada um dos inquiridos possui de si próprio e dos outros.
Na realidade, por norma, cada um de nós acha-se sempre cumpridor, residindo nos outros o desrespeito pelas normas e por todo o tipo de incivilidades. Assim, se os outros é que são os infractores, as Polícias têm que ser mais duras, inflexíveis e recorrer mais à força para fazerem cumprir a lei. Neste contexto, as pessoas não são capazes de representar a possibilidade de a força policial ser utilizada contra elas, mas sim contra os outros, por isso não espanta que maioritariamente achem muito bem o aumento do uso da força.
Idêntica leitura se pode fazer em relação ao desejo de não ser intensificada a acção policial fiscalizadora em matéria de circulação rodoviária. Como em matéria de trânsito as pessoas têm maior facilidade em assumir os seus «pecados» e como sabem que o resultado de tal acção tem maior probabilidade de as afectar, então o melhor é não desejar a intensificação do trabalho policial.
Em matéria de avaliação da acção policial como na maior parte das avaliações as pessoas acabam sempre por espelhar as representações, os valores, e, claro, os interesses individuais, por isso há que haver racionalidade nas leituras e não atribuir um valor excessivo àquilo que não o tem. Assim, independentemente das vontades, acima de tudo é preciso haver equilíbrio e actuação de acordo com o princípio da legalidade.
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