RICARDO RODRIGUES DEVE PARAR PARA REFLECTIR!

O meu primeiro contacto com o agora deputado Ricardo Rodrigues foi já nem sei há quantos anos, eu na condição de polícia, e ele na condição de advogado de defesa de um qualquer arguido que já nem sei quem foi.

Sempre o achei muito cortês, muito respeitador, cumprimentador de todos com igual deferência e como advogado recordo-o como sendo um profissional lutador, pronto a esgrimir argumentos sem se deixar intimidar pelas situações.

Por obra do acaso, do destino, por vontade própria ou por influência de pares dedicou-se à política primeiro do lado de cá e depois novamente, por obra do acaso, do destino, por vontade própria ou por influência de pares (não importa) do lado de lá.

Como cidadão sigo com regularidade a actividade política de cá e de lá e, claro está, perante o que foi dito não me espanta a visibilidade que Ricardo Rodrigues teve na anterior legislatura e que nesta continua a ter. O mesmo não posso afirmar em relação a algumas posturas a roçar a irracionalidade como se verificou em algumas situações em relação ao Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, valendo-lhe querelas com o Presidente da República por questões que qualquer indivíduo minimamente esclarecido sabia que eram inconstitucionais como se veio a verificar após intervenções do Tribunal Constitucional.

A sua intervenção primeiro como interveniente directo, na reforma penal de 15 de Setembro de 2007 e depois como defensor, mais uma vez pecaram por irracionalidade quando teimava em não ver o que muitos viram antes e durante e que agora o Partido Socialista e ele próprio já admitiram ter de ser revisto.

Esta semana, após uma sua intervenção mais uma vez a tentar condicionar o Presidente da República para que tome parte numa querela política que cabe sobretudo ao PS revolver, por culpa própria, na sequência da perda da maioria absoluta e que agora está obrigado a ter de negociar sobretudo com pelo menos um dos maiores partidos da oposição, foi desautorizado publicamente por Francisco Assis na condição de líder da bancada socialista.

Foi um autêntico tiro no pé que Ricardo Rodrigues desferiu e sob pena de revelar total perda de racionalidade e até uma eventual obsessão contra o Presidente da República. Por isso deve reflectir profundamente sobre o seu papel como deputado na Assembleia da República e claro pelo menos como representante dos eleitores açorianos que o elegeram.

Numa altura em que a classe política se encontra tão desprestigiada e tão desacreditada, conforme dados dos mais recentes estudos de opinião, seria bem mais útil que o Vice-Presidente da bancada socialista Ricardo Rodrigues colocasse toda a sua inteligência e capacidade de luta ao nível da negociação parlamentar em nome da governabilidade do país e não na procura de conflitos institucionais nos quais parece querer mostrar que possui dotes!