A IMPORTÂNCIA DOS VIZINHOS…

Comemorou-se esta semana mais um dia dedicado às relações de vizinhança. Infelizmente por cá a data passou praticamente despercebida a avaliar pela não realização de iniciativas.

Contudo, não podemos deixar de lamentar que, quando vivemos um período de enorme preocupação com as questões de segurança, como nunca na história da humanidade, se dê tão pouca importância aos papéis que podem ser desempenhados pelos vizinhos.
Na realidade as relações de vizinhança e as respectivas relações afecto-convivenciais desenvolvidas, conforme inúmeras vezes demonstrado, apresentam-se como um elemento fulcral para que possamos compreender o grau de segurança que as pessoas demonstram possuir, quer teoricamente, quer nas atitudes práticas de protecção dos bens patrimoniais bem como da integridade física individual e dos que lhe são próximos. Convictos da importância das relações de vizinhança, os nossos antepassados deixaram-nos o legado de que «mais vale um mau ano que um mau vizinho»!
Não podemos ignorar o impacto que um mau vizinho pode ter não só ao nível daqueles que o rodeiam como ao nível de praticamente todos quantos habitam uma rua ou um bairro.

Sem margem para dúvidas, a avaliação das relações de vizinhança pode ser um indicador com pertinência para o nosso bem-estar físico e psicológico e em particular para a análise do sentimento de segurança partilhado pela população, visto que, como se sabe, a existência de boas relações de vizinhança e entre-ajuda minimiza o sentimento de insegurança.

No estudo que elaborámos em 2004, na Ilha de S. Miguel, apurou-se que 79% da população considerava ter boas relações de vizinhança. Curiosamente idêntica percentagem (74% da população) considerava que a rua onde morava era segura. Entre os 79% dos inquiridos que afirmaram ter boas relações de vizinhança 25% consideravam que as relações existentes eram mesmo de grande sociabilidade, enquanto 3% assumiram possuir relações de conflito declarado.

Assim, é bem evidente que nos locais onde as pessoas se conhecem e se relacionam de forma mais profícua é mais notória a preocupação colectiva com as ameaças securitárias bem como o esforço de mobilização das autoridades locais. Por isso, nunca fez tanto sentido investir-se no estabelecimento de boas relações de vizinhança.

Num período em que, fruto do crescente individualismo, se assiste a uma desvalorização da importância dos vizinhos em particular a avaliar pelo crescente número de processos nos tribunais a envolver condóminos é fundamental que também por cá se assinale a data e se sensibilize a comunidade para a importância das boas relações de vizinhança. Já agora, apesar do atraso, por que não oferecer uma flor a cada um dos seus vizinhos para assinalar a data?