RELAXAMENTO CRIMINAL

Estamos à beira do arranque de mais um Mundial de Futebol. Desta vez é no Hemisfério Sul, mais precisamente, na África do Sul. Por sinal muito longe de nós, mas como o longe se faz perto, certamente não deixará de produzir efeito sobre a nossa propensão para a prática criminal…

Tal como se verificou nas edições anteriores do Mundial de Futebol e nos Europeus em que Portugal participou, denotou-se, pelo menos durante os períodos em que ocorreram tais eventos, uma significativa redução da criminalidade denunciada, por vezes de tal ordem que se reflectiu mesmo no saldo final desses anos.

Na realidade o futebol é uma paixão capaz de prender qualquer um de nós. Todavia, a demonstração diz-nos que quando se mistura o futebol com a identidade nacional as emoções vão ao rubro. Dessa simbiose resulta um mecanismo de controlo social, em que os laços de coesão social se tornam mais fortes ao ponto de nos tornar mais assertivos e menos propensos à prática de crimes.

Não sei se a simbiose a que me refiro nos afectará a todos por igual, mas da análise estatística sobressai a demonstração de que pelo menos aqueles que podemos designar por criminosos durante os grandes torneios de futebol deixam-se amolecer e ficam com menos vontade de violar as normas.

Se ainda havia alguém a duvidar do legado de Étienne De Greeff, através do qual ficámos a saber que em cada criminoso há um homem, o assunto que hoje vos trago é bem essa demonstração. Foi pena De Greeff não ter vivido o suficiente para assistir a um Mundial de Futebol ou a um Europeu. Certamente iria registar com agrado como os criminosos são tão iguais aos denominados não criminosos.

Claro que o maior ou menor impacto do Mundial de Futebol na criminalidade nacional vai depender sobretudo da prestação da nossa selecção. Se Portugal cair na fase de grupos, o impacto será diminuto, mas se formos longe, até à final poderemos conseguir uma notável melhoria ao nível da segurança independentemente da capacidade de trabalho das forças e serviços de segurança portugueses.

Vamos ver como correm as coisas! Oxalá que ocorra algo de extraordinário para que possamos agradecer aos jogadores da selecção nacional como são bons até a combater a criminalidade, bom isto se entretanto não aparecer ninguém por aí a reivindicar para si tal mérito…