MISÉRIAS POLÍTICAS...

A semana que agora termina, em termos políticos, foi rica em acontecimentos demonstrativos daquilo que os políticos não devem fazer, sob pena de se verem cada vez mais ignorados e acabrunhados pela sociedade portuguesa.

A começar pela gafe de Carlos César que, estando de visita à América do Sul, não hesitou em falar de «baixa política» e ainda por cima mostrando irritação para com uma câmara municipal, cuja motivação invocada, pelos vistos estava incorrecta, isto para não dizer outra coisa...

A Assembleia Regional igualmente nos brindou com exemplos miseráveis. Além de mais uma vez os trabalhos terem sido interrompidos por os senhores deputados não se entenderem quanto às regras de funcionamento daquela casa, também o Vice-Presidente Sérgio Ávila esteve bem ao responder às acusações do PSD quanto à falta de isenção da actuação da Inspecção Administrativa Regional. Dissemos esteve bem porque «deu um tiro no pé» ao afirmar que no passado o PSD fazia muito pior. Talvez até seja verdade, mas isso é precisamente o que a população não quer ouvir da boca dos políticos porque o facto de alguém ter cometido um erro nunca pode legitimar o facto de outro alguém fazer a mesma coisa!

Também do outro lado do Atlântico os políticos estiveram irrequietos «esfaqueando-se e apedrejando-se» a propósito das propostas legislativas de João Cravinho contra a corrupção. O sucedido espanta particularmente depois de o Partido Socialista e de o próprio Presidente da República terem conferido ao Engenheiro Cravinho legitimidade para ser a face da luta contra a corrupção.

Tendo, nas comemorações do 5 de Outubro último, a corrupção sido considerada, unanimemente, do Presidente da República a todos os Partidos Políticos, como a mais importante luta que está por fazer na sociedade portuguesa, esta semana ficou-se a saber que foi o Partido Socialista que teve a responsabilidade da não aceitação das propostas de Cravinho, deixando a ideia, como o próprio afirmou, de que têm «rabos de palha». Agora é o Partido Socialista que tem o «ónus da prova» para demonstrar que está interessado em combater efectivamente a corrupção (ironia do destino!).

Os nossos políticos gostam muito de falar no caso da Irlanda, mas em relação à corrupção parece que, na realidade, não estão muito interessados em seguir aquilo que aquele país fez na segunda metade da década de 90 do século passado, que, ao fim e ao cabo, é precisamente o que João Cravinho propôs.

Se queremos acabar com a corrupção e a criminalidade económico-financeira, por que motivo não devemos exigir que quem possui fortunas tenha de provar a proveniência das mesmas? Estão com medo de quê?