PURIFICAR O AR...

Ficamos recentemente a saber através do Ministro do Meio-Ambiente chinês que, devido à realização dos Jogos Olímpicos de 2008, haverá um investimento de 12 milhões de dólares americanos para purificar o ar de Pequim, um dos mais poluídos do mundo sobretudo devido à intensa circulação rodoviária e à utilização de carvão pelas indústrias.

Segundo um estudo do Departamento de Pesquisas da Agência de Protecção Ambiental, estima-se que morram mais de 400 mil pessoas por ano naquele país devido à acção directa da poluição do ar, daí que a saúde dos atletas que irão competir nos Jogos Olímpicos tenha assumido particular preocupação, justificando a implementação urgente de medidas como a redução do tráfego automóvel para metade ou o bombardeamento das nuvens com iodeto de prata para provocar a precipitação e purificar o ar.

A frequente associação do desporto às práticas saudáveis é frequentemente aceite em qualquer parte do mundo. Também nós não fugimos à regra, enquadrando-nos no grupo daqueles que defendem a existência de um ambiente puro e a prática desportiva. Defendemos mesmo que as empresas deveriam incentivar os trabalhadores, pelo menos duas vezes por semana, a praticarem desporto durante as duas primeiras ou duas últimas horas do dia.

Entendemos que a redução do tempo de trabalho, causada pela prática desportiva, nunca seria um prejuízo causado à empresa, bem pelo contrário, pois passaria a contar com trabalhadores mais saudáveis, mais enérgicos e mais bem dispostos, logo mais produtivos ao ponto de facilmente reporem as horas gastas com o desporto.

Os maiores problemas com que se deparam as gerações actuais e que afectarão inevitavelmente as gerações futuras prendem-se com as duas variáveis invocadas nesta crónica. Por um lado as questões ambientais e as consequentes transformações ao nível do clima e por outro lado as questões do sedentarismo, ultrapassável com a prática desportiva, ou, se quisermos ser mais abrangentes, com a actividade física.

Conforme facilmente se conclui, ambas as variáveis possuem a capacidade de afectar os comportamentos humanos do presente e do futuro.

É evidente que a tomada de medidas como as implementadas na China não irá resolver o problema de poluição mundial, nem tão pouco local, para além do período de duração dos Jogos Olímpicos, nem as medidas que propusemos ao nível das empresas poderia combater esta imensa «preguicite aguda» que colectivamente nos contagiou. No entanto não podem deixar de ser vistas como apenas pequenas medidas, pequenos passos na direcção certa.

Não somos apologistas de soluções muito radicais, porém estamos conscientes de que, dada a dimensão do fenómeno, só medidas tomadas a nível individual poderão produzir efeitos numa escala alargada. Trata-se sobretudo de uma questão de consciencialização individual e da necessidade de abdicarmos de um pouquinho do nosso comodismo férreo.

Tornou-se consensual que é necessário desenvolverem-se esforços para minimizar os problemas descritos, mas até que ponto estarão as pessoas receptivas aos mesmos? Até que ponto estarão as pessoas dispostas a alterar os seus hábitos? Quem estará disponível para já amanhã deixar de levar o carro para o trabalho ou passar a caminhar uma hora por dia a pé?