AS ENTRELINHAS DO RASI!

Foi divulgado o Relatório Anual de Segurança Interna de 2006 (RASI), estando disponível em www.mai.gov.pt para os interessados. São 268 páginas de números e informações sobre a segurança do país, demonstrando que de ano para ano parece haver sempre cada vez mais para referir sobre o assunto.

Longe vai o tempo em que pouco mais de 150 páginas eram suficientes para caracterizar um ano de actividade. Fruto do crescente número de páginas, de relatório em relatório, os mais desatentos dirão que a segurança nacional se tem complexificado o que poderá não corresponder totalmente à realidade...

O RASI é daqueles documentos a que devemos dar especial atenção não ao que lá está escrito, mas ao identificável nas entrelinhas, na medida em que nem sempre dá mostras de ser um documento isento...mas deixemos essa discussão para outra sede.

À semelhança do que temos repetido vezes sem fim desde 2003, finalmente o referido relatório no tocante aos Açores fez uma abordagem adequada da nossa realidade ao nível da segurança!
Pela primeira vez se deixou de falar em exclusividade na criminalidade em cada um dos comandos açorianos de polícia, para se fazer uma abordagem, ainda que sintética, à cidade de Ponta Delgada, tratando de modo diferenciado o que há de diferente nos Açores, em detrimento das frequentes generalizações contra as quais nos temos insurgido, incluindo as de alguns dos nossos admiráveis deputados da Assembleia Legislativa dos Açores conforme se pode constatar na resolução n.º 8/2007/A com o título «Reforço de Meios de Segurança Pública», publicada no Diário da República, 1.ª série – n.º 56 de 20 de Março de 2007 e que já aqui dissecámos.

No RASI (pág. 159), pode ler-se: “ Verifica-se, assim, que em 2006 volta a surgir um crescimento da criminalidade nos dois principais centros urbanos de Portugal [Lisboa e Porto] e um crescente agravamento na maior cidade do arquipélago dos Açores (Ponta Delgada).” O parágrafo transcrito representa uma vitória em termos de tratamento objectivo do fenómeno criminal açoriano, exigindo-se finalmente um tratamento em conformidade com o que temos defendido em quase quatro anos de intervenções públicas nesta matéria.

Perdoem-nos a falta de modéstia, mas ficou demonstrado que as nossas palavras, publicadas na imprensa regional, as quais por diversas vezes têm sido recortadas e enviadas por quem de direito à tutela, sempre foram fundamentadas e apenas visavam evitar algumas das situações vivenciadas. Mas, mais vale tarde que nunca...Falta é saber se quem de direito vai ter capacidade para reivindicar o que há muito deveria ter sido reivindicado... Retomaremos o assunto.

Uma santa e feliz Páscoa para todos!

O RETORNO À PARAGEM DO MINI-BUS!

Defendem os teóricos da Psicologia e das Ciências de Educação em geral que é tão importante reprovar e repreender um mau comportamento quanto saber elogiar e recompensar um bom comportamento.

Também nós acreditamos que assim deve ser, embora tendencialmente as crónicas e artigos de opinião na comunicação social tenham a particularidade de abordar sobretudo o negativo, o depreciativo e o impróprio. Temos tentado romper com tal tradição, motivo pelo qual já por diversas vezes escrevemos a elogiar algumas medidas e intervenções nos mais diferentes domínios, seguindo a racionalidade de elogiar o que houver para elogiar e reprovar sem rodeios o que deve ser reprovado.

Vem tudo isto a propósito da crónica aqui publicada há três semanas sobre uma paragem de autocarro, em alumínio e vidro para os utentes do mini-bus, colocada no passeio da Rua Teófilo Braga, em frente às antigas instalações das urgências do hospital, junto à rua que dá acesso à Doca, desrespeitando a legislação em vigor sobre as barreiras arquitectónicas que dificultam o acesso de pessoas com limitações físicas aos edifícios e à via pública em geral.

Dissemos nós que até estavam reunidas as condições em termos de cobertura e em termos de largura do passeio para que o equipamento fosse ali colocado, desde que tivesse sido colocado totalmente encostado ao muro ali existente ou totalmente encostado à berma do passeio, por forma a deixar os tais 120 centímetros impostos por lei para a livre circulação dos transeuntes, em vez de a terem colocado no meio do passeio.

Certo é que aqui demos conta do caso e esta semana, os mesmos indivíduos que colocaram a paragem há pouco mais de três semanas, deslocaram-se ao local e recolocaram a paragem no local onde deveria ter sido colocada desde o início. Em síntese, valeu a pena porque ficamos todos a ganhar!

A caminho de quatro anos que escrevemos neste jornal foram já várias as situações que denunciámos e que, coincidentemente ou não, foram resolvidas pouco tempo depois, demonstrando que vale a pena cada um de nós assumir uma atitude cívica e interventiva, devidamente fundamentada. Estamos certos de que, se todos cumprissem a sua parte e interviessem nos momentos oportunos, teríamos uma sociedade bem mais aprazível!

Em relação ao episódio da paragem do mini-bus, resta-nos felicitar quem de direito que, reconhecendo a falha, tomou a iniciativa de ordenar a rápida resolução do caso, fazendo respeitar as imposições legais...