GERAÇÃO LOL

Cresci com a hegemonia das ideias «yuppie» com especial furor na década de 80 do século passado. Depois da geração «hippie», com a apologia da paz, do sexo e do rock, em que a necessidade de dedicação ao trabalho e da criação de riqueza não aquecia nem arrefecia, o conservadorismo de Reagan e Thatcher passou a ditar a nova tendência.

Trabalhar o máximo possível, criar o máximo de riqueza e enriquecer no mais curto espaço de tempo, preservando no horizonte a possibilidade de obter uma reforma na casa dos 40 anos em plena idade activa para viajar mundo fora, foram sem dúvida os princípios básicos da corrente «yuppie», que apelidou toda uma geração.

(Confesso que aceitei os ideais da filosofia «yuppie» em relação ao trabalho tendo-me dedicado ao longo dos últimos 20 anos a actividades produtivas diversas durante 14 a 18 horas por dia, umas remuneradas outras a título gratuito, talvez por isso não tenha enriquecido o quanto me diziam que era possível. Também já sei que a possibilidade de reforma em plena idade activa é já uma miragem. No meu caso, apesar dos descontos em dia como funcionário público desde os 17 anos de idade, se não for até aos 70 pelos menos até aos 65 anos está garantida a obrigatoriedade de ter de trabalhar.)

Seguiu-se àquela que ficou baptizada como a «geração rasca». Filhos dos hippies, distinguiram-se por possuírem mau gosto e defenderem posturas e maneiras incorrectas. Perante a necessidade de trabalho foram os primeiros a defender que «é preciso ter calma!» porque nada mexia com eles.

Depois afirmou-se a «geração dos 500 euros». Primeiros filhos da geração yuppie. Apercebendo-se das decepções paternais, optaram por dar continuidade ao «é preciso ter calma» e demarcaram-se com um «não se passa nada!». Defendendo que quanto lhes bastava era ter um emprego para se irem safando. Em conformidade as entidades empregadoras, yuppies mais ou menos bem sucedidos, consideram-nos bem remunerados com umas mensais, míseras, cinco centenas de euros.

Acredito que as coisas estão a mudar demasiadamente depressa e está aí já uma nova geração, que pessoalmente entendo apelidar de geração LOL. Abreviatura de «laugh out loud» ou seja, traduzindo à letra «rindo muito alto». Por ventura os segundos filhos da geração yuppie! Malta muito preocupada em impressionar, mesmo que seja apenas a fazer de conta. Entende que participar em qualquer actividade diferente é sempre uma grande maçada. Dispostos a passar horas frente ao computador a fazer de conta que cultivam quintas viçosas e ostentam gado farto, ali ao lado o mato grassa nos dois metros quadrados de terra que a casa possui e o cão definha cheio de pulgas sem a mínima vontade de fazer o que quer que seja. O que melhor sabem fazer é rirem-se desbragadamente e em troca de mensagens escritas incentivam os demais a rirem-se com um simples LOL.

Os sinais não auguram facilidades para a geração LOL. O desemprego espera-os como nunca na nossa vida democrática. Os rendimentos escasseiam e paira no ar a ameaça de emagrecerem mais. Embora lhes queiram proporcionar a possibilidade de não serem discriminados pelas opções sexuais, podendo até casar com pessoa do mesmo sexo, estão condenados, como nunca, a serem legalmente discriminados pela vida fora em função da idade!

Seja bem vinda a geração LOL. Por isso, riam-se à vontade enquanto é tempo!