17/Novembro – DIA DO NÃO FUMADOR
Segundo um relatório
realizado pela World Lung Foundation e pela American Câncer Society,
estimava-se que em 2010, em todo o mundo, seis milhões de pessoas fossem vítimas mortais do consumo de tabaco, devido
ao desenvolvimento de cancros, problemas cardiovasculares, enfisemas
pulmonares, entre outras patologias. As despesas médicas e a perda de
produtividade resultantes do consumo de tabaco eram estimadas em 500 mil
milhões de dólares, sendo um problema que agrupa 35% dos homens no mundo
desenvolvido, 50% no mundo em desenvolvimento, 22% das mulheres no mundo desenvolvido
e 9% no mundo em desenvolvimento.
Em Portugal, o tabaco é apontado como o grande responsável
pelas doenças cardiovasculares, causando a morte a 40 000 pessoas anualmente.
Nos Açores, estima-se que 80 a
90% dos internamentos no Hospital de Ponta Delgada, por questões respiratórias,
devem-se a patologias diretamente relacionadas com o tabagismo.
Um estudo resultante de uma parceria entre o Centro de
Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, o Centro de Estudos de Medicina
Baseada na Evidência e a Unidade de Nutrição e Metabolismo da Faculdade de
Medicina de Lisboa demonstrou que o tabaco é três vezes mais fatal que o
consumo de álcool devendo por isso ser a prioridade do Sistema Nacional de
Saúde. Os tratamentos de doenças relacionadas com o consumo de tabaco
representam para o Serviço Nacional de Saúde um encargo de 490 milhões de
euros/ano enquanto os encargos com o consumo abusivo de álcool atingem os 189
milhões de euros/ano.
Apesar de o tabaco gerar receitas fiscais relevantes,
estima-se que a dependência do tabaco absorva cerca de 15% dos orçamentos para
a saúde de países como a França ou os Estados Unidos da América, não devendo
Portugal estar muito longe desta estimativa.
O estudo da Rede Europeia para a Prevenção do Tabagismo
(de 1998 a
2002), que englobava 28 países europeus, apresentou Portugal em nono lugar quanto
à adopção de políticas efetivas contra o tabaco. No período em análise, os
jovens portugueses, de 15 anos de idade, que apresentavam (1998) uma taxa de
fumadores de 14%, passaram para 26%, em 2002. Portugal apresentou o segundo
maior crescimento da taxa de prevalência de fumadores. O estudo também revelava
que as pessoas com mais dificuldades económicas fumavam mais que as mais
abastadas e eram também as pessoas com mais dificuldades económicas que em
idade adulta tinham mais dificuldades em abandonar o vício. Concluiu-se, ainda,
que um aumento de 10% no preço do tabaco provoca uma diminuição de consumo na
ordem dos 4%.
Quando se espera mais um agravamento do preço do tabaco
para 2013, considerando a influência do preço no consumo, não se pode esperar
grandes resultados na sua diminuição. Estimamos que um verdadeiro combate ao
consumo do tabaco, remetendo-o para valores residuais de consumo, exigia que o
aumento do preço fosse na ordem dos 250%.
O aumento do preço surge como a mais eficiente medida para
a redução do consumo embora na União Europeia estejam a ser utilizadas outras
medidas para a redução do consumo como a obrigatoriedade em vigor de se colocar
um aviso, nos maços de tabaco, a informar que prejudica a saúde, de entre 14
avisos definidos a nível comunitário.
Segundo um estudo do projecto europeu PESCE, uma redução
de 15% no consumo de tabaco poderia evitar em Portugal 400 mortes por ano, 2
200 patologias graves, além de representar uma poupança de 37,4 milhões de euros/ano
em gastos de saúde. Atendendo que já em 2008 se conseguiu uma redução de consumo
de 5%, é possível que se tenha evitado a perda de 133 vidas, o desenvolvimento
de 733 patologias graves e poupado 12, 46 milhões de euros.
Em 2009, segundo o estudo que coordenámos nos Açores, registou-se
uma diminuição na percentagem de fumadores, em relação a 2004 de 1%, atingindo-se
os 32%. É de salientar o facto de se ter registado uma redução apenas de
fumadores do sexo masculino, visto que houve um aumento real da percentagem de
mulheres fumadoras de 6,6 pontos agrupando, em 2009, 38% do total de fumadores,
enquanto os homens baixaram para 62%. Em termos absolutos, em 2009, existiam
nos Açores 78 329 fumadores dos quais 48 563 do sexo masculino e 29 766 do sexo
feminino.
Por ilhas, o Corvo, com 43%, e Santa Maria, com 42%, foram
as ilhas onde se registaram as populações fumadoras mais expressivas,
seguindo-se S. Miguel, com 38%, S. Jorge e Pico, com 29%, Faia, com 28%,
Flores, com 27%, Graciosa e Terceira, com 26%.
Quanto à idade de início, 34,7% dos fumadores, nos Açores,
começam antes dos 15 anos.
A 1 de Março de 2005, a Comissão Europeia lançou uma nova
campanha de prevenção contra o tabaco, orçamentada em 72 milhões de euros, cujo
principal objetivo assentava em duas vertentes: levar os jovens a não começarem
a fumar e fazer com que os fumadores deixassem de fumar. Tratava-se de uma
decisão importante em consonância com o Tratado Mundial, aprovado por 192
países, um dos quais Portugal, na 56.ª Assembleia Mundial de Saúde para a
Prevenção e Controlo do Tabaco. A Organização Mundial de Saúde, como justificação
das suas ações, considerou que o ato de fumar, praticado na Europa por 40% dos
adultos, era responsável pela morte de 550 000 europeus por ano, dos quais 12
000, só em Portugal, com idades compreendidas entre os 35 e os 69 anos. Contudo
os resultados ficaram aquém do esperado dada a importância da problemática.
O PERFIL DO FUMADOR
Ao nível do perfil do fumador açoriano, em síntese, pode
dizer-se que possui entre os 21 e os 40 anos de idade, é predominantemente do
sexo masculino e fuma cigarros ditos normais. Vive predominantemente em meio
urbano, tem um nível de habilitações escolares entre o 9.º e o 12º ano, possui
instabilidade emocional, sendo solteiro, divorciado, separado ou a viver em
união de facto e possui no seio da sua família outros fumadores.
Começou a fumar no grupo ou no meio escolar por influência
dos amigos, desempenha profissões variadas, que vão das menos às mais
qualificadas, e gasta entre 10,00
a 50,00 euros por semana em tabaco.